Ciência na senda de um reactor que reproduza energia do sol

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Ciência na senda de um reactor que reproduza energia do sol

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A ciência está em marcha para criar um reactor que reproduz as reacções nucleares que ocorrem no sol, dando origem a uma energia limpa, segura e inesgotável. Há já projectos e conhecimento, mas falta ainda a viabilidade comercial.

A energia nuclear é aquela que se liberta em transformações do núcleo dos átomos, que constituem a matéria, e há dois processos para obter quantidades significativas de energia, explicou à agência Lusa Carlos Varandas, director do Centro de Fusão Nuclear, do Instituto Superior Técnico (Lisboa).

Trata-se da fissão nuclear, que consiste na desintegração de átomos de elementos pesados como o urânio e que é o utilizado nas centrais nucleares, e da fusão nuclear, a coalescência de dois átomos leves, como o hidrogénio.
“Em ambos os casos há redução de massa", que, "multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz, dá origem a uma libertação de energia” em grandes quantidades para a atmosfera, explicou o cientista. Esta é a “fonte de energia do universo e da vida na Terra, porque todo o calor e luz que chegam [cá] são produzidas no Sol a partir de reacções de fusão nuclear”.
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Vantagens e riscos

A energia obtida a partir da fusão nuclear tem mais vantagens do que riscos. “Enquanto um reactor de fissão funciona sob pressão, como uma panela de pressão que se alguma coisa funcionar mal rebenta, o de fusão funciona em vácuo. Se alguma coisa funcionar mal implode, vai para dentro”, clarificou Carlos Varandas.

Outra vantagem é que num reactor de fissão é preciso colocar o combustível no interior no início da operação, enquanto que no de fusão os combustíveis vão entrando para o reactor à medida que são queimados. “É como se um reactor de fusão fosse um bico de gás, que à medida que vai queimando o gás para aquecer a panela, vai consumindo o que vem da rede ou das botijas”, exemplificou. Em caso de avaria, basta fechar o bico do gás e a chama acaba. É isso que se fará num reactor de fusão: “Em caso de avaria a única coisa que há a fazer é fechar uma válvula de admissão do gás e as reacções param".

Além disso, este sistema não permite que o reactor atinja elevadas temperaturas, porque dentro nunca há grandes quantidades de combustível que possam provocar explosões ou o derretimento da câmara do reactor.

Lixo radioactivo

Em relação ao lixo radioativo, os reactores de fusão também o produzem, mas de baixa radioactividade que, com os materiais actuais, se perde em menos de cem anos, explicou, acrescentando que, com a nova geração de materiais que está a ser desenvolvida, o objectivo é que esta desapareça em dez anos.

Nos reactores de fissão, quando a operação termina existe grande quantidade de lixo, parte do qual com radioactividade muito intensa que leva milhares de anos a perder-se. Esses resíduos têm de ser armazenados em cemitérios nucleares, que são normalmente buracos cravados na crosta terrestre a grande profundidade, em zonas estáveis do ponto de vista geológico e onde não haja níveis freáticos, cursos de água. Mesmo assim, esses resíduos são encapsulados em plásticos para evitar contaminação.

“Essa energia [de fusão] ainda não é obtida porque apesar das experiências já feitas apenas se conseguiu um ganho de energia de 0,6. Gastámos 25 mega watts de potência a operar uma máquina - o JET (Joint European Torus), em Oxford - e só obtivemos como retorno 16 mega watts”, explicou Carlos Varandas.

Os cientistas estão a construir o primeiro reactor experimental de fusão nuclear, em Cadarache, França, onde se espera que com os mesmos 25 mega watts de potência “se obtenha qualquer coisa entre 250 e 500 mega watts, ou seja, um ganho de aplicação de energia entre dez e 20” vezes mais. Contudo, Carlos Varandas refere que os estudos económicos apontam para que um reactor de fusão só será viável com um ganho de aplicação de energia da ordem dos 40.

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=48153&op=all
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