Amanhã celebra-se um ano da total liberalização do mercado ibérico de electricidade (Mibel) e a verdade é que pouco mudou.
No dia 4 de Setembro de 2006, a EDP foi a única empresa a começar a vender electricidade a consumidores domésticos (de baixa tensão normal) fora do mercado regulado. Ainda no final de 2006, outra empresa se posicionou neste segmento em Portugal, a Unión Fenosa Portugal.
No entanto, há um ano, apontavam-se mais três empresas interessadas no mercado liberalizado, Enel Viesgo, Iberdrola, Sodesa/Endesa, das quais algumas até se preparavam para entrar ainda em 2006, mas que não o fizeram até agora.
Galp é a única a avançar com data
A «Agência Financeira» voltou a contactar todos estes operadores e nenhum avança com uma data em concreto. Resta-nos a Galp, que recebeu a licença de comercializador este ano, e que fala em inícios de 2008. «Estamos a trabalhar para que, no início do próximo ano, possa haver clientes de electricidade. Se não for em Janeiro, será em Fevereiro», tinha afirmado o presidente executivo da eléctrica, Ferreira de Oliveira, no passado mês de Agosto, queixando-se de falta de condições de mercado. Mais recentemente contactada, a petrolífera garantiu que a posição mantém-se, mas que não há novidades nesse sentido.
Já as restantes empresas mostram-se mais reticentes e pode até haver desistências. Fontes próximas da Enel, adiantaram à «Agência Financeira», que a sua «prioridade é concretizar a OPA sobre a Endesa que se vai realizar este mês de Setembro/Outubro e só depois, nesse âmbito, se vai posicionar neste mercado».
Quanto à Iberdrola, «continua a não operar» no mercado de comercialização de electricidade no segmento doméstico e «nem tem prazo definido para decidir fazê-lo». De acordo com fonte oficial da empresa, a razão apontada para este posicionamento é que, desde o início da comercialização em Setembro de 2006, «continuam a prender-se com a inexistência das condições tarifárias mínimas necessárias à existência de concorrência efectiva entre os vários comercializadores».
Fica a faltar apenas a Endesa Portugal que contactada pela «Agência Financeira» não deu, até ao momento, qualquer esclarecimento.
EDP e Unión Fenosa satisfeitos com primeiro ano
Concluindo, aparentemente, pelo menos até 2008, os quase 6 milhões de clientes de electricidade em Portugal vão ter apenas duas escolhas: ou a EDP 5D ou a oferta da Unión Fenosa.
A própria eléctrica portuguesa tem dúvidas que surjam mais concorrentes ainda este ano. «É muito difícil competir com o regulado», comentou à «Agência Financeira» o administrador da EDP para a área comercial, Jorge Cruz de Morais, em Julho. Neste momento, o mercado liberalizado conta com quase 100 mil clientes de baixa tensão normal.
Sem adiantar números, a directora da Unión Fenosa Portugal, Fernanda Silva, apontou à «Agência Financeira» que o seu número de clientes no segmento residencial é «significativo tendo em conta a situação actual do mercado, que se prepara para entrar numa liberalização concreta» e para a qual não tem previsões. A responsável faz ainda um balanço «bastante positivo» deste primeiro ano de Mibel que serviu para todos os intervenientes se aperceberem de como funciona o mercado.
fonte : http://www.agenciafinanceira.iol.pt/not ... iv_id=1728