INCÊNDIO em monitor TFT 19” devido a anomalia eléctrica.

Responder
rsmiguel
Faça a sua apresentação
Faça a sua apresentação
Mensagens: 1
Registado: 21 mar 2009, 14:41

INCÊNDIO em monitor TFT 19” devido a anomalia eléctrica.

Mensagem por rsmiguel »

Boa tarde.

Recentemente tive um incidente na minha casa com o monitor do computador.
O monitor era um TFT Wide de 19”, daqueles que também permite ver TV, com entradas RCA, S-Video, SCART, Sintonizador de RF, VGA(RGB) e DVI.
No monitor estavam ligados 3 cabos, o de energia, o VGA(RGB) do PC, e o cabo coaxial RF de televisão, que provinha de um splitter de 3 vias (do operador cabo).
O monitor e o computador tinham os cabos de energia ligados a uma pequena UPS do tipo off-line.
O interruptor do monitor estava desligado (soft-switch) e o computador estava desligado através do interruptor traseiro da própria fonte de alimentação.

Durante a noite o monitor emitiu um pequeno ruído e INCENDIOU-SE!!!

O incêndio consumiu a parte lateral posterior do monitor e as chamas foram controladas com recurso a um pequeno extintor de pó químico, em virtude de não possuir nas imediações nenhum meio mais apropriado, como por exemplo um extintor de neve carbónica - CO2.
Por sorte consegui controlar o incêndio ainda na sua fase inicial, caso contrário, os resultados teriam sido muito mais graves.
Em anexo envio 2 fotos do monitor para mostrar o estado em que ficou.

No meu apartamento nenhum disjuntor do quadro eléctrico disparou, nem mesmo o disjuntor geral de regulação da potência contratada da EDP, que no meu caso particular é diferencial com uma sensibilidade de 500mA, marca Merlin Gerin, modelo DB90, pólos=2, pólos protegidos=1.
Tenho uma potência contratada de 15A, ou seja 3,45KVA, monofásico.
Informo que o botão de teste deste disjuntor diferencial faz actuar convenientemente o disparo do disjuntor.
Após este incidente e por precaução desliguei a energia eléctrica no disjuntor da EDP.

Sensivelmente na mesma altura que deflagrou o incêndio na minha casa, disparou um alarme sonoro na rua. O meu apartamento fica num 1º andar e o ruído provinha da loja mesmo por baixo da minha casa.
A loja estava fechada e apresentava as iluminações decorativas desligadas, mantendo apenas acesas as lâmpadas de emergência, denunciando assim a falta de energia eléctrica no interior dessa fracção.

Na loja começou a surgir lentamente um fumo negro que acabou por invadir todo o espaço, tendo por isso contactado os serviços de emergência.
Após a chegada e intervenção dos bombeiros, não foram descobertas quaisquer chamas, sendo posteriormente realizada uma operação de desenfumagem do estabelecimento.

Na altura apenas foi possível concluir que o fumo poderia ter surgido de uma zona onde se encontrava uma UPS “industrial” do tamanho de um frigorífico combinado.
Alguns dias após esta ocorrência, essa UPS “industrial” foi substituída por outra completamente nova.

Na altura julguei tratar-se de um pico de energia ou uma sobretensão, razão que explicaria o sucedido ao meu monitor e à UPS da loja por baixo da minha casa.
Saliento que nessa noite não havia trovoadas nem chuva; o tempo até estava bom.
Afastei portanto a hipótese de descargas atmosféricas e restou a probabilidade de uma sobretensão.
Caso tivesse ocorrido uma sobretensão, continuava a não entender porque razão mais nenhuma loja ou apartamento do edifício apresentou problemas semelhantes nos seus equipamentos.
No entanto também não conseguia explicar porque razão mais nenhum aparelho entrou em combustão espontânea na minha casa.
Mais ninguém do prédio teve este tipo de problemas, nem mesmo outros edifícios ou casas da mesma rua.

Relativamente ao meu monitor, o cabo da energia e a respectiva ficha de encaixe no aparelho estão em perfeitas condições, a ficha do cabo VGA derreteu ligeiramente devido apenas ao calor, contudo o cabo coaxial de RF ardeu cerca de um palmo a partir da extremidade.
O cabo coaxial liga por coincidência no lado ardido do monitor, podendo apenas ter sido consumido pelas chamas, sem ter tido qualquer papel activo na origem deste incidente.

No meu escritório existiam mais aparelhos desligados, embora conectados nas tomadas.
O computador portátil tinha ficado desligado, mas por esquecimento com o transformador ligado em ambas extremidades, isto é, no computador em si e na tomada de energia.
Apesar do incidente descrito, este aparelho está a funcionar em perfeitas condições.

No escritório existiam aparelhos ligados 24h/dia, tais como, um medidor do consumo de energia (Wattímetro), uma UPS, um router e um cable modem de acesso à Internet.
Todos esses aparelhos estão a funcionar correctamente, e estavam a funcionar na altura que apaguei o fogo, tendo ficado sem energia após ter desligado o quadro eléctrico, conforme atrás descrevi.

O router e o cable modem são equipamentos cujas fichas de energia não possuem contacto de terra, mas o transformador do computador portátil possui, embora a terra do transformador não prossiga até ao computador em si.
A ficha da UPS tem contacto de terra, estando ligado à massa do equipamento.

Na sala existiam equipamentos ligados à energia eléctrica e ao cabo coaxial do operador, tais como o videogravador, a televisão e o voiceport do telefone, no entanto os aparelhos estão a funcionar em perfeitas condições.
Relembro que o cable modem que estava no escritório também liga ao cabo coaxial do operador.

A mini aparelhagem FM e o rádio/despertador do quarto são equipamentos que não interligam com a terra e estão a funcionar em perfeitas condições. O despertador é um aparelho que trabalha 24/dia.

A máquina de lavar roupa que interliga com o sistema de terras do edifício está a funcionar em perfeitas condições.

Numa tentativa de compreender a razão do sucedido resolvi abrir o monitor TFT de 19”, com o objectivo de observar na electrónica onde tudo começou. Após desmontar o aparelho não encontrei qualquer componente “visualmente danificado”, nem tão pouco vestígios de “esforços térmicos” nesses componentes das placas.
Aliás, a electrónica da fonte de alimentação interna parecia estar “perfeita”, já que não havia quaisquer indícios de terem existido arcos eléctricos, nem mesmo na ficha de contacto do cabo, tudo perfeito como novo, pelo menos à “vista desarmada”. Também retirei a tampa metálica do sintonizador TV e o seu interior tinha muito bom aspecto.
Toda a electrónica do aparelho está protegida por uma carcaça de metal exterior e só depois dessa carcaça é que se encontra o plástico exterior a revestir o aparelho. Estupefacto com a “análise visual” e sem colocar de parte que o aparelho estivesse electronicamente danificado, resolvi montar tudo e experimentar a ligar o equipamento “uma última vez” para ter a certeza que já não funcionava.
Para meu espanto, o monitor funcionou, acendeu o led de presença de energia e apareceram os menus do aparelho após os ter chamado pelo controlo remoto de infravermelhos. Resolvi então ligar um pc velho na entrada VGA e a imagem surgiu no ecrã. Apesar da sujidade do pó do extintor a imagem era muito boa, com cores vivas e brilhantes, como se nada tivesse ocorrido.
Resolvi então testar o sintonizador de RF, e após ter conseguido retirar a anterior ficha carbonizada da entrada do aparelho, liguei o cabo coaxial do operador.

Mais uma surpresa! O sintonizador de TV funciona, embora a imagem neste caso já não fosse exactamente igual, provavelmente provocado pela queda de sinal na película negra que funciona como isolante no ponto de contacto. Saliento que a ficha de RF para cabo coaxial ficou completamente negra (ficha do aparelho).

Por outras palavras tudo parece estar a funcionar, até mesmo o monitor que ardeu funciona, apesar de ter um rombo enorme no plástico exterior.
Na minha casa, a minha pequena UPS estava ligada numa tomada com terra e era nessa UPS que o monitor estava ligado.
Todos os aparelhos que não estavam ligados através da UPS, estavam ligados a extensões com terra, encaixadas em tomadas com terra.
Todas as extensões sem excepção tinham terra e todos os materiais utilizados estavam em perfeitas condições. A continuidade da terra tinha sido cuidadosamente verificada, certificando que ela chegava até aos equipamentos ligados nas extensões. Muitos testes envolviam a verificação que a terra chegava de forma adequada à massa dos equipamentos terminais, como o metal do pc, etc.
A terra da tomada também estava ligada no barramento de terras do quadro eléctrico.
Ou seja, o monitor estava ligado num circuito de alimentação com terra em funcionamento.
Realizei testes de medida de tensão entre fase/neutro, fase/terra e ainda neutro/terra e todos os valores apresentados encontram-se dentro da normalidade.
Fase/neutro: 222V
Fase/terra: 222V
Neutro/terra: 0V

Realizei ainda alguns testes de qualidade de energia com um aparelho analisador, sito, Fluke 41B Power Harmonics Analyzer: http://www.fluke.pt/comx/show_product.a ... t&pid=5179

Características: http://www.fluke.pt/comx/show_product.a ... ocale=ptpt

Especificações:
http://www.fluke.pt/comx/show_product.a ... ocale=ptpt

Manual: http://assets.fluke.com/manuals/39_41b__umeng0300.pdf

Os valores de tensão e as harmónicas em diversas frequências apresentam valores considerados normais.
O manual do equipamento Fluke 41B refere no final da pág.35 (45 do PDF) que este equipamento não é adequado para detectar transientes, uma vez que a taxa de amostragem no modo de gravação é de apenas 0,5 segundos.
No final da pág. 11 do PDF é referido que para analisar transientes deve ser utilizado um equipamento Scopemeter da Fluke.

O meu apartamento já tem uns 20 anos e na altura a terra era apenas obrigatória na cozinha e dispensa. As outras divisões, quartos, salas, não tinham tomadas com terra.
Por volta do ano de 1999 mudei uma divisão da casa para escritório e ao criar este espaço fiz antecipadamente os melhoramentos necessários para poder ter melhor segurança eléctrica, instalando assim a terra que faltava no resto das divisões.
Os outros apartamentos no prédio continuam a ter as tomadas com terra apenas na cozinha e na dispensa, onde são usadas as máquinas de lavar loiça/roupa.

Tomando em consideração o cenário que descrevi, que género de anomalia eléctrica poderá ter ocorrido para provocar a situação que envolveu a minha habitação e cujos resultados foram os que referi?
Como foi possível ter sido gerado uma situação tão grave num monitor TFT em perfeito estado de conservação?
Existe alguma hipótese de a causa ter sido uma sobretensão provocada por uma avaria na UPS industrial da loja do R/C?
É possível uma UPS com anomalias “provocar um pico com destino à rede da EDP” que viajaria até ao quadro geral de distribuição do edifício?
O meu apartamento é uma divisão completamente autónoma mas vai buscar energia “à mesma fonte” e podia ter recebido essa anomalia.

Faz sentido tentar saber em que fase estou ligado e em que fase os outros vizinhos se ligam? Ou seja, saber se eu estou ligado na mesma fase da loja, enquanto os outros vizinhos estão nas outras 2 fases?
É possível ter havido um pico apenas nessa fase em que estou ligado?

Como explicar então o incêndio do monitor se a electrónica aparenta não ter sofrido esforços eléctricos?
Poderia esse pico ter vindo pelo fio de terra até à minha habitação? Isto é, poderá uma descarga de grande intensidade com destino à terra ter ocorrido no interior da loja?
Isso poderia explicar o disparo de um disjuntor na loja (talvez o diferencial) e a mesma ter ficado sem energia na altura do sucedido.

Se tal fosse possível ocorrer, existe alguma razão técnica que explique porque razão a terra demorou a descarregar essa energia?
Poderia isso ter provocado uma anomalia tão grave no meu monitor? Como e porquê?
Não esquecer que eu tenho terra em toda a casa, enquanto os meus vizinhos não têm.
O pormenor dos meus vizinhos não possuírem terra (com excepção das cozinhas e dispensas) é suficiente para explicar a razão do problema só ter ocorrido na minha casa e não na deles?

Embora tenha terra em casa, estou dependente da qualidade da terra geral do edifício. Alguns meses após ter realizado as melhorias na casa, tive acesso a um aparelho para ensaio da qualidade das terras.
O teste foi realizado no ano 2000 e o relatório apresentava na altura um valor de terra de 25 ohms.
Saliento que este valor de terra não foi medido na estaca de terra do prédio, a medida foi recolhida ligando simplesmente o aparelho a uma tomada com terra.
Todos os aparelhos foram desligados das respectivas tomadas, por forma o teste ser conduzido adequadamente, tendo sido definido no aparelho de ensaio de terras o “modo de tomada”, específico para ensaio da qualidade da terra nestas condições.

Embora não tenha conhecimentos suficientes para analisar todos parâmetros do relatório, os valores foram os seguintes:
Data: 30/08/2000
Re=25 ohms
Z= 0,505 ohms
R= 0,502 ohms
Xl= 0,057 ohms
Ik=455A
Ub= ----
Um= 224v
Norma: VDE0413-3

Em relação ao Re, que é a resistência da terra, qual o valor máximo actualmente admissível para edifícios residenciais?
O que significam os restantes valores?
Os restantes valores estão dentro dos parâmetros aceitáveis?

Em relação à qualidade da energia, até ao presente momento não tive acesso a nenhum aparelho Scopemeter, pelo que não me foi possível realizar ensaios mais especializados.
Na sequência do problema eléctrico que ocorreu na minha residência, será mesmo necessário efectuar ensaios de energia mais sofisticados, com recurso a um aparelho da família Scopemeter?
Este tipo de anomalia poderá estar associado a microcortes ou transientes na linha de energia?

Relativamente a medidas de protecção, existe formas de evitar situações semelhantes a esta no futuro?
Devo instalar supressores de picos no quadro eléctrico do apartamento?
Os varístores (MOV) não me parecem adequados para sobretensões, mas sim para descargas atmosféricas.
Uma vez que a minha UPS é offline, devo adquirir uma UPS online?
Devo ligar todos os equipamentos do escritório na UPS online, inclusivé o computador portátil?
Ou devo prescindir da utilização de quaisquer UPSs, uma vez que são equipamentos como quaisquer outros, susceptíveis de avariar e ser também elas próprias fontes de problemas?
Relembro o que sucedeu à UPS da loja!

Neste momento eu não tenho muita necessidade de backup de energia, apenas estar melhor protegido contra picos ou outras anomalias eléctricas.

Uma vez que depois do disjuntor da EDP só tenho os disjuntores sectoriais de potência, devo instalar após o diferencial da EDP um segundo diferencial mais sensível de 30mA?
Que outras medidas eficazes são possíveis conjugar para reduzir a probabilidade de exposição a riscos desta natureza?
Existe protecção contra microcortes? Isto é, interrupções no fornecimento de energia com um tempo de falha na ordem dos milisegundos.
Existe protecção contra transientes?
É possível estar completamente protegido? De que forma?

Sem outro assunto de momento, agradeço a vossa colaboração na análise das causas deste fenómeno, assim como na procura de estratégias eficazes de protecção.

Cumprimentos
Rui Mendes
Anexos
Monitor2_800x600.jpg
Monitor2_800x600.jpg (134.42 KiB) Visto 689 vezes
Monitor1_800x600.jpg
Monitor1_800x600.jpg (117.69 KiB) Visto 690 vezes
Avatar do Utilizador
nelmindo
Team Apoio
Team Apoio
Mensagens: 5438
Registado: 14 abr 2008, 10:52
Localização: PORTO
Has thanked: 23 times
Been thanked: 201 times

Re: INCÊNDIO em monitor TFT 19” devido a anomalia eléctrica.

Mensagem por nelmindo »

rsmiguel Escreveu:Boa tarde.

Recentemente tive um incidente na minha casa com o monitor do computador.
O monitor era um TFT Wide de 19”, daqueles que também permite ver TV, com entradas RCA, S-Video, SCART, Sintonizador de RF, VGA(RGB) e DVI.
No monitor estavam ligados 3 cabos, o de energia, o VGA(RGB) do PC, e o cabo coaxial RF de televisão, que provinha de um splitter de 3 vias (do operador cabo).
O monitor e o computador tinham os cabos de energia ligados a uma pequena UPS do tipo off-line.
O interruptor do monitor estava desligado (soft-switch) e o computador estava desligado através do interruptor traseiro da própria fonte de alimentação.

Durante a noite o monitor emitiu um pequeno ruído e INCENDIOU-SE!!!

O incêndio consumiu a parte lateral posterior do monitor e as chamas foram controladas com recurso a um pequeno extintor de pó químico, em virtude de não possuir nas imediações nenhum meio mais apropriado, como por exemplo um extintor de neve carbónica - CO2.
Por sorte consegui controlar o incêndio ainda na sua fase inicial, caso contrário, os resultados teriam sido muito mais graves.
Em anexo envio 2 fotos do monitor para mostrar o estado em que ficou.

No meu apartamento nenhum disjuntor do quadro eléctrico disparou, nem mesmo o disjuntor geral de regulação da potência contratada da EDP, que no meu caso particular é diferencial com uma sensibilidade de 500mA, marca Merlin Gerin, modelo DB90, pólos=2, pólos protegidos=1.
Tenho uma potência contratada de 15A, ou seja 3,45KVA, monofásico.
Informo que o botão de teste deste disjuntor diferencial faz actuar convenientemente o disparo do disjuntor.
Após este incidente e por precaução desliguei a energia eléctrica no disjuntor da EDP.

Sensivelmente na mesma altura que deflagrou o incêndio na minha casa, disparou um alarme sonoro na rua. O meu apartamento fica num 1º andar e o ruído provinha da loja mesmo por baixo da minha casa.
A loja estava fechada e apresentava as iluminações decorativas desligadas, mantendo apenas acesas as lâmpadas de emergência, denunciando assim a falta de energia eléctrica no interior dessa fracção.

Na loja começou a surgir lentamente um fumo negro que acabou por invadir todo o espaço, tendo por isso contactado os serviços de emergência.
Após a chegada e intervenção dos bombeiros, não foram descobertas quaisquer chamas, sendo posteriormente realizada uma operação de desenfumagem do estabelecimento.

Na altura apenas foi possível concluir que o fumo poderia ter surgido de uma zona onde se encontrava uma UPS “industrial” do tamanho de um frigorífico combinado.
Alguns dias após esta ocorrência, essa UPS “industrial” foi substituída por outra completamente nova.

Na altura julguei tratar-se de um pico de energia ou uma sobretensão, razão que explicaria o sucedido ao meu monitor e à UPS da loja por baixo da minha casa.
Saliento que nessa noite não havia trovoadas nem chuva; o tempo até estava bom.
Afastei portanto a hipótese de descargas atmosféricas e restou a probabilidade de uma sobretensão.
Caso tivesse ocorrido uma sobretensão, continuava a não entender porque razão mais nenhuma loja ou apartamento do edifício apresentou problemas semelhantes nos seus equipamentos.
No entanto também não conseguia explicar porque razão mais nenhum aparelho entrou em combustão espontânea na minha casa.
Mais ninguém do prédio teve este tipo de problemas, nem mesmo outros edifícios ou casas da mesma rua.

Relativamente ao meu monitor, o cabo da energia e a respectiva ficha de encaixe no aparelho estão em perfeitas condições, a ficha do cabo VGA derreteu ligeiramente devido apenas ao calor, contudo o cabo coaxial de RF ardeu cerca de um palmo a partir da extremidade.
O cabo coaxial liga por coincidência no lado ardido do monitor, podendo apenas ter sido consumido pelas chamas, sem ter tido qualquer papel activo na origem deste incidente.

No meu escritório existiam mais aparelhos desligados, embora conectados nas tomadas.
O computador portátil tinha ficado desligado, mas por esquecimento com o transformador ligado em ambas extremidades, isto é, no computador em si e na tomada de energia.
Apesar do incidente descrito, este aparelho está a funcionar em perfeitas condições.

No escritório existiam aparelhos ligados 24h/dia, tais como, um medidor do consumo de energia (Wattímetro), uma UPS, um router e um cable modem de acesso à Internet.
Todos esses aparelhos estão a funcionar correctamente, e estavam a funcionar na altura que apaguei o fogo, tendo ficado sem energia após ter desligado o quadro eléctrico, conforme atrás descrevi.

O router e o cable modem são equipamentos cujas fichas de energia não possuem contacto de terra, mas o transformador do computador portátil possui, embora a terra do transformador não prossiga até ao computador em si.
A ficha da UPS tem contacto de terra, estando ligado à massa do equipamento.

Na sala existiam equipamentos ligados à energia eléctrica e ao cabo coaxial do operador, tais como o videogravador, a televisão e o voiceport do telefone, no entanto os aparelhos estão a funcionar em perfeitas condições.
Relembro que o cable modem que estava no escritório também liga ao cabo coaxial do operador.

A mini aparelhagem FM e o rádio/despertador do quarto são equipamentos que não interligam com a terra e estão a funcionar em perfeitas condições. O despertador é um aparelho que trabalha 24/dia.

A máquina de lavar roupa que interliga com o sistema de terras do edifício está a funcionar em perfeitas condições.

Numa tentativa de compreender a razão do sucedido resolvi abrir o monitor TFT de 19”, com o objectivo de observar na electrónica onde tudo começou. Após desmontar o aparelho não encontrei qualquer componente “visualmente danificado”, nem tão pouco vestígios de “esforços térmicos” nesses componentes das placas.
Aliás, a electrónica da fonte de alimentação interna parecia estar “perfeita”, já que não havia quaisquer indícios de terem existido arcos eléctricos, nem mesmo na ficha de contacto do cabo, tudo perfeito como novo, pelo menos à “vista desarmada”. Também retirei a tampa metálica do sintonizador TV e o seu interior tinha muito bom aspecto.
Toda a electrónica do aparelho está protegida por uma carcaça de metal exterior e só depois dessa carcaça é que se encontra o plástico exterior a revestir o aparelho. Estupefacto com a “análise visual” e sem colocar de parte que o aparelho estivesse electronicamente danificado, resolvi montar tudo e experimentar a ligar o equipamento “uma última vez” para ter a certeza que já não funcionava.
Para meu espanto, o monitor funcionou, acendeu o led de presença de energia e apareceram os menus do aparelho após os ter chamado pelo controlo remoto de infravermelhos. Resolvi então ligar um pc velho na entrada VGA e a imagem surgiu no ecrã. Apesar da sujidade do pó do extintor a imagem era muito boa, com cores vivas e brilhantes, como se nada tivesse ocorrido.
Resolvi então testar o sintonizador de RF, e após ter conseguido retirar a anterior ficha carbonizada da entrada do aparelho, liguei o cabo coaxial do operador.

Mais uma surpresa! O sintonizador de TV funciona, embora a imagem neste caso já não fosse exactamente igual, provavelmente provocado pela queda de sinal na película negra que funciona como isolante no ponto de contacto. Saliento que a ficha de RF para cabo coaxial ficou completamente negra (ficha do aparelho).

Por outras palavras tudo parece estar a funcionar, até mesmo o monitor que ardeu funciona, apesar de ter um rombo enorme no plástico exterior.
Na minha casa, a minha pequena UPS estava ligada numa tomada com terra e era nessa UPS que o monitor estava ligado.
Todos os aparelhos que não estavam ligados através da UPS, estavam ligados a extensões com terra, encaixadas em tomadas com terra.
Todas as extensões sem excepção tinham terra e todos os materiais utilizados estavam em perfeitas condições. A continuidade da terra tinha sido cuidadosamente verificada, certificando que ela chegava até aos equipamentos ligados nas extensões. Muitos testes envolviam a verificação que a terra chegava de forma adequada à massa dos equipamentos terminais, como o metal do pc, etc.
A terra da tomada também estava ligada no barramento de terras do quadro eléctrico.
Ou seja, o monitor estava ligado num circuito de alimentação com terra em funcionamento.
Realizei testes de medida de tensão entre fase/neutro, fase/terra e ainda neutro/terra e todos os valores apresentados encontram-se dentro da normalidade.
Fase/neutro: 222V
Fase/terra: 222V
Neutro/terra: 0V

Realizei ainda alguns testes de qualidade de energia com um aparelho analisador, sito, Fluke 41B Power Harmonics Analyzer: http://www.fluke.pt/comx/show_product.a ... t&pid=5179

Características: http://www.fluke.pt/comx/show_product.a ... ocale=ptpt

Especificações:
http://www.fluke.pt/comx/show_product.a ... ocale=ptpt

Manual: http://assets.fluke.com/manuals/39_41b__umeng0300.pdf

Os valores de tensão e as harmónicas em diversas frequências apresentam valores considerados normais.
O manual do equipamento Fluke 41B refere no final da pág.35 (45 do PDF) que este equipamento não é adequado para detectar transientes, uma vez que a taxa de amostragem no modo de gravação é de apenas 0,5 segundos.
No final da pág. 11 do PDF é referido que para analisar transientes deve ser utilizado um equipamento Scopemeter da Fluke.

O meu apartamento já tem uns 20 anos e na altura a terra era apenas obrigatória na cozinha e dispensa. As outras divisões, quartos, salas, não tinham tomadas com terra.
Por volta do ano de 1999 mudei uma divisão da casa para escritório e ao criar este espaço fiz antecipadamente os melhoramentos necessários para poder ter melhor segurança eléctrica, instalando assim a terra que faltava no resto das divisões.
Os outros apartamentos no prédio continuam a ter as tomadas com terra apenas na cozinha e na dispensa, onde são usadas as máquinas de lavar loiça/roupa.

Tomando em consideração o cenário que descrevi, que género de anomalia eléctrica poderá ter ocorrido para provocar a situação que envolveu a minha habitação e cujos resultados foram os que referi?
Como foi possível ter sido gerado uma situação tão grave num monitor TFT em perfeito estado de conservação?
Existe alguma hipótese de a causa ter sido uma sobretensão provocada por uma avaria na UPS industrial da loja do R/C?
É possível uma UPS com anomalias “provocar um pico com destino à rede da EDP” que viajaria até ao quadro geral de distribuição do edifício?
O meu apartamento é uma divisão completamente autónoma mas vai buscar energia “à mesma fonte” e podia ter recebido essa anomalia.

Faz sentido tentar saber em que fase estou ligado e em que fase os outros vizinhos se ligam? Ou seja, saber se eu estou ligado na mesma fase da loja, enquanto os outros vizinhos estão nas outras 2 fases?
É possível ter havido um pico apenas nessa fase em que estou ligado?

Como explicar então o incêndio do monitor se a electrónica aparenta não ter sofrido esforços eléctricos?
Poderia esse pico ter vindo pelo fio de terra até à minha habitação? Isto é, poderá uma descarga de grande intensidade com destino à terra ter ocorrido no interior da loja?
Isso poderia explicar o disparo de um disjuntor na loja (talvez o diferencial) e a mesma ter ficado sem energia na altura do sucedido.

Se tal fosse possível ocorrer, existe alguma razão técnica que explique porque razão a terra demorou a descarregar essa energia?
Poderia isso ter provocado uma anomalia tão grave no meu monitor? Como e porquê?
Não esquecer que eu tenho terra em toda a casa, enquanto os meus vizinhos não têm.
O pormenor dos meus vizinhos não possuírem terra (com excepção das cozinhas e dispensas) é suficiente para explicar a razão do problema só ter ocorrido na minha casa e não na deles?

Embora tenha terra em casa, estou dependente da qualidade da terra geral do edifício. Alguns meses após ter realizado as melhorias na casa, tive acesso a um aparelho para ensaio da qualidade das terras.
O teste foi realizado no ano 2000 e o relatório apresentava na altura um valor de terra de 25 ohms.
Saliento que este valor de terra não foi medido na estaca de terra do prédio, a medida foi recolhida ligando simplesmente o aparelho a uma tomada com terra.
Todos os aparelhos foram desligados das respectivas tomadas, por forma o teste ser conduzido adequadamente, tendo sido definido no aparelho de ensaio de terras o “modo de tomada”, específico para ensaio da qualidade da terra nestas condições.

Embora não tenha conhecimentos suficientes para analisar todos parâmetros do relatório, os valores foram os seguintes:
Data: 30/08/2000
Re=25 ohms
Z= 0,505 ohms
R= 0,502 ohms
Xl= 0,057 ohms
Ik=455A
Ub= ----
Um= 224v
Norma: VDE0413-3

Em relação ao Re, que é a resistência da terra, qual o valor máximo actualmente admissível para edifícios residenciais?
O que significam os restantes valores?
Os restantes valores estão dentro dos parâmetros aceitáveis?

Em relação à qualidade da energia, até ao presente momento não tive acesso a nenhum aparelho Scopemeter, pelo que não me foi possível realizar ensaios mais especializados.
Na sequência do problema eléctrico que ocorreu na minha residência, será mesmo necessário efectuar ensaios de energia mais sofisticados, com recurso a um aparelho da família Scopemeter?
Este tipo de anomalia poderá estar associado a microcortes ou transientes na linha de energia?

Relativamente a medidas de protecção, existe formas de evitar situações semelhantes a esta no futuro?
Devo instalar supressores de picos no quadro eléctrico do apartamento?
Os varístores (MOV) não me parecem adequados para sobretensões, mas sim para descargas atmosféricas.
Uma vez que a minha UPS é offline, devo adquirir uma UPS online?
Devo ligar todos os equipamentos do escritório na UPS online, inclusivé o computador portátil?
Ou devo prescindir da utilização de quaisquer UPSs, uma vez que são equipamentos como quaisquer outros, susceptíveis de avariar e ser também elas próprias fontes de problemas?
Relembro o que sucedeu à UPS da loja!

Neste momento eu não tenho muita necessidade de backup de energia, apenas estar melhor protegido contra picos ou outras anomalias eléctricas.

Uma vez que depois do disjuntor da EDP só tenho os disjuntores sectoriais de potência, devo instalar após o diferencial da EDP um segundo diferencial mais sensível de 30mA?
Que outras medidas eficazes são possíveis conjugar para reduzir a probabilidade de exposição a riscos desta natureza?
Existe protecção contra microcortes? Isto é, interrupções no fornecimento de energia com um tempo de falha na ordem dos milisegundos.
Existe protecção contra transientes?
É possível estar completamente protegido? De que forma?

Sem outro assunto de momento, agradeço a vossa colaboração na análise das causas deste fenómeno, assim como na procura de estratégias eficazes de protecção.

Cumprimentos
Rui Mendes

Sim senhor, um relatório e pêras.
Só falta saber se não foi um acumular de carga térmica (vulgo cotão), em que fez ponte entre partes activas, (basta até ser filamentos de palha d'aço, quem sabe?), pra provocar um curto circuito, suficiente para incendiar esse cotão, mas insuficiente para o disparo das protecções.
Algures li que tinha uma terra de 20ohms. Na giria electrotécnica é considerada boa terra.

Mas mais uma vez, dou-lhe os meus parabens pelo relatório.
ecastro
Velha Guarda
Velha Guarda
Mensagens: 336
Registado: 10 fev 2008, 14:38
Has thanked: 1 time
Been thanked: 6 times

Re: INCÊNDIO em monitor TFT 19” devido a anomalia eléctrica.

Mensagem por ecastro »

Viva

Sem querer brincar com a situação, e sobre estratégicas eficazes de protecção, aconselho vivamente um seguro que inclua riscos eléctricos, porque depois de tudo o que descreveu fico realmente impotente para propor uma solução técnica economicamente viável que possa assegurar uma protecção eficaz para esse tipo de acidente, que eventualmente ocorre "uma vez na vida".
alvimocer
Faça a sua apresentação
Faça a sua apresentação
Mensagens: 3
Registado: 27 jul 2009, 22:20

Re: INCÊNDIO em monitor TFT 19” devido a anomalia eléctrica.

Mensagem por alvimocer »

O que sucedeu e infelizmente acontece e acontecerá muitas vezes daí o ideal é seguir a máxima de desligar o que se puder desligar quando não se está presente.
è que a tensão Ac quando sobe porque sobe e desce conforme as cargas inseridas nas cabines de destribuição se subir demais os aparelhos só reagem quando por sorte o fusivel abre.
As fontes dos aparelhos modernos aceitam desde 100volts até........250 as vezes as mais caras 280 Volts e aí disparam o fuse e pronto intervalo.
As mais fracas ou morrem logo acima de 230v ou é até rebentar e aqui é que reside a diferença algumas é até derreter porque a subida é lenta e continua.e o material aguentando só o calor fará parar a coisa e de um modo bastante castatrofico.
rsmiguel Escreveu:Boa tarde.

Recentemente tive um incidente na minha casa com o monitor do computador.
O monitor era um TFT Wide de 19”, daqueles que também permite ver TV, com entradas RCA, S-Video, SCART, Sintonizador de RF, VGA(RGB) e DVI.
No monitor estavam ligados 3 cabos, o de energia, o VGA(RGB) do PC, e o cabo coaxial RF de televisão, que provinha de um splitter de 3 vias (do operador cabo).
O monitor e o computador tinham os cabos de energia ligados a uma pequena UPS do tipo off-line.
O interruptor do monitor estava desligado (soft-switch) e o computador estava desligado através do interruptor traseiro da própria fonte de alimentação.

Durante a noite o monitor emitiu um pequeno ruído e INCENDIOU-SE!!!

O incêndio consumiu a parte lateral posterior do monitor e as chamas foram controladas com recurso a um pequeno extintor de pó químico, em virtude de não possuir nas imediações nenhum meio mais apropriado, como por exemplo um extintor de neve carbónica - CO2.
Por sorte consegui controlar o incêndio ainda na sua fase inicial, caso contrário, os resultados teriam sido muito mais graves.
Em anexo envio 2 fotos do monitor para mostrar o estado em que ficou.

No meu apartamento nenhum disjuntor do quadro eléctrico disparou, nem mesmo o disjuntor geral de regulação da potência contratada da EDP, que no meu caso particular é diferencial com uma sensibilidade de 500mA, marca Merlin Gerin, modelo DB90, pólos=2, pólos protegidos=1.
Tenho uma potência contratada de 15A, ou seja 3,45KVA, monofásico.
Informo que o botão de teste deste disjuntor diferencial faz actuar convenientemente o disparo do disjuntor.
Após este incidente e por precaução desliguei a energia eléctrica no disjuntor da EDP.

Sensivelmente na mesma altura que deflagrou o incêndio na minha casa, disparou um alarme sonoro na rua. O meu apartamento fica num 1º andar e o ruído provinha da loja mesmo por baixo da minha casa.
A loja estava fechada e apresentava as iluminações decorativas desligadas, mantendo apenas acesas as lâmpadas de emergência, denunciando assim a falta de energia eléctrica no interior dessa fracção.

Na loja começou a surgir lentamente um fumo negro que acabou por invadir todo o espaço, tendo por isso contactado os serviços de emergência.
Após a chegada e intervenção dos bombeiros, não foram descobertas quaisquer chamas, sendo posteriormente realizada uma operação de desenfumagem do estabelecimento.

Na altura apenas foi possível concluir que o fumo poderia ter surgido de uma zona onde se encontrava uma UPS “industrial” do tamanho de um frigorífico combinado.
Alguns dias após esta ocorrência, essa UPS “industrial” foi substituída por outra completamente nova.

Na altura julguei tratar-se de um pico de energia ou uma sobretensão, razão que explicaria o sucedido ao meu monitor e à UPS da loja por baixo da minha casa.
Saliento que nessa noite não havia trovoadas nem chuva; o tempo até estava bom.
Afastei portanto a hipótese de descargas atmosféricas e restou a probabilidade de uma sobretensão.
Caso tivesse ocorrido uma sobretensão, continuava a não entender porque razão mais nenhuma loja ou apartamento do edifício apresentou problemas semelhantes nos seus equipamentos.
No entanto também não conseguia explicar porque razão mais nenhum aparelho entrou em combustão espontânea na minha casa.
Mais ninguém do prédio teve este tipo de problemas, nem mesmo outros edifícios ou casas da mesma rua.

Relativamente ao meu monitor, o cabo da energia e a respectiva ficha de encaixe no aparelho estão em perfeitas condições, a ficha do cabo VGA derreteu ligeiramente devido apenas ao calor, contudo o cabo coaxial de RF ardeu cerca de um palmo a partir da extremidade.
O cabo coaxial liga por coincidência no lado ardido do monitor, podendo apenas ter sido consumido pelas chamas, sem ter tido qualquer papel activo na origem deste incidente.

No meu escritório existiam mais aparelhos desligados, embora conectados nas tomadas.
O computador portátil tinha ficado desligado, mas por esquecimento com o transformador ligado em ambas extremidades, isto é, no computador em si e na tomada de energia.
Apesar do incidente descrito, este aparelho está a funcionar em perfeitas condições.

No escritório existiam aparelhos ligados 24h/dia, tais como, um medidor do consumo de energia (Wattímetro), uma UPS, um router e um cable modem de acesso à Internet.
Todos esses aparelhos estão a funcionar correctamente, e estavam a funcionar na altura que apaguei o fogo, tendo ficado sem energia após ter desligado o quadro eléctrico, conforme atrás descrevi.

O router e o cable modem são equipamentos cujas fichas de energia não possuem contacto de terra, mas o transformador do computador portátil possui, embora a terra do transformador não prossiga até ao computador em si.
A ficha da UPS tem contacto de terra, estando ligado à massa do equipamento.

Na sala existiam equipamentos ligados à energia eléctrica e ao cabo coaxial do operador, tais como o videogravador, a televisão e o voiceport do telefone, no entanto os aparelhos estão a funcionar em perfeitas condições.
Relembro que o cable modem que estava no escritório também liga ao cabo coaxial do operador.

A mini aparelhagem FM e o rádio/despertador do quarto são equipamentos que não interligam com a terra e estão a funcionar em perfeitas condições. O despertador é um aparelho que trabalha 24/dia.

A máquina de lavar roupa que interliga com o sistema de terras do edifício está a funcionar em perfeitas condições.

Numa tentativa de compreender a razão do sucedido resolvi abrir o monitor TFT de 19”, com o objectivo de observar na electrónica onde tudo começou. Após desmontar o aparelho não encontrei qualquer componente “visualmente danificado”, nem tão pouco vestígios de “esforços térmicos” nesses componentes das placas.
Aliás, a electrónica da fonte de alimentação interna parecia estar “perfeita”, já que não havia quaisquer indícios de terem existido arcos eléctricos, nem mesmo na ficha de contacto do cabo, tudo perfeito como novo, pelo menos à “vista desarmada”. Também retirei a tampa metálica do sintonizador TV e o seu interior tinha muito bom aspecto.
Toda a electrónica do aparelho está protegida por uma carcaça de metal exterior e só depois dessa carcaça é que se encontra o plástico exterior a revestir o aparelho. Estupefacto com a “análise visual” e sem colocar de parte que o aparelho estivesse electronicamente danificado, resolvi montar tudo e experimentar a ligar o equipamento “uma última vez” para ter a certeza que já não funcionava.
Para meu espanto, o monitor funcionou, acendeu o led de presença de energia e apareceram os menus do aparelho após os ter chamado pelo controlo remoto de infravermelhos. Resolvi então ligar um pc velho na entrada VGA e a imagem surgiu no ecrã. Apesar da sujidade do pó do extintor a imagem era muito boa, com cores vivas e brilhantes, como se nada tivesse ocorrido.
Resolvi então testar o sintonizador de RF, e após ter conseguido retirar a anterior ficha carbonizada da entrada do aparelho, liguei o cabo coaxial do operador.

Mais uma surpresa! O sintonizador de TV funciona, embora a imagem neste caso já não fosse exactamente igual, provavelmente provocado pela queda de sinal na película negra que funciona como isolante no ponto de contacto. Saliento que a ficha de RF para cabo coaxial ficou completamente negra (ficha do aparelho).

Por outras palavras tudo parece estar a funcionar, até mesmo o monitor que ardeu funciona, apesar de ter um rombo enorme no plástico exterior.
Na minha casa, a minha pequena UPS estava ligada numa tomada com terra e era nessa UPS que o monitor estava ligado.
Todos os aparelhos que não estavam ligados através da UPS, estavam ligados a extensões com terra, encaixadas em tomadas com terra.
Todas as extensões sem excepção tinham terra e todos os materiais utilizados estavam em perfeitas condições. A continuidade da terra tinha sido cuidadosamente verificada, certificando que ela chegava até aos equipamentos ligados nas extensões. Muitos testes envolviam a verificação que a terra chegava de forma adequada à massa dos equipamentos terminais, como o metal do pc, etc.
A terra da tomada também estava ligada no barramento de terras do quadro eléctrico.
Ou seja, o monitor estava ligado num circuito de alimentação com terra em funcionamento.
Realizei testes de medida de tensão entre fase/neutro, fase/terra e ainda neutro/terra e todos os valores apresentados encontram-se dentro da normalidade.
Fase/neutro: 222V
Fase/terra: 222V
Neutro/terra: 0V

Realizei ainda alguns testes de qualidade de energia com um aparelho analisador, sito, Fluke 41B Power Harmonics Analyzer: http://www.fluke.pt/comx/show_product.a ... t&pid=5179

Características: http://www.fluke.pt/comx/show_product.a ... ocale=ptpt

Especificações:
http://www.fluke.pt/comx/show_product.a ... ocale=ptpt

Manual: http://assets.fluke.com/manuals/39_41b__umeng0300.pdf

Os valores de tensão e as harmónicas em diversas frequências apresentam valores considerados normais.
O manual do equipamento Fluke 41B refere no final da pág.35 (45 do PDF) que este equipamento não é adequado para detectar transientes, uma vez que a taxa de amostragem no modo de gravação é de apenas 0,5 segundos.
No final da pág. 11 do PDF é referido que para analisar transientes deve ser utilizado um equipamento Scopemeter da Fluke.

O meu apartamento já tem uns 20 anos e na altura a terra era apenas obrigatória na cozinha e dispensa. As outras divisões, quartos, salas, não tinham tomadas com terra.
Por volta do ano de 1999 mudei uma divisão da casa para escritório e ao criar este espaço fiz antecipadamente os melhoramentos necessários para poder ter melhor segurança eléctrica, instalando assim a terra que faltava no resto das divisões.
Os outros apartamentos no prédio continuam a ter as tomadas com terra apenas na cozinha e na dispensa, onde são usadas as máquinas de lavar loiça/roupa.

Tomando em consideração o cenário que descrevi, que género de anomalia eléctrica poderá ter ocorrido para provocar a situação que envolveu a minha habitação e cujos resultados foram os que referi?
Como foi possível ter sido gerado uma situação tão grave num monitor TFT em perfeito estado de conservação?
Existe alguma hipótese de a causa ter sido uma sobretensão provocada por uma avaria na UPS industrial da loja do R/C?
É possível uma UPS com anomalias “provocar um pico com destino à rede da EDP” que viajaria até ao quadro geral de distribuição do edifício?
O meu apartamento é uma divisão completamente autónoma mas vai buscar energia “à mesma fonte” e podia ter recebido essa anomalia.

Faz sentido tentar saber em que fase estou ligado e em que fase os outros vizinhos se ligam? Ou seja, saber se eu estou ligado na mesma fase da loja, enquanto os outros vizinhos estão nas outras 2 fases?
É possível ter havido um pico apenas nessa fase em que estou ligado?

Como explicar então o incêndio do monitor se a electrónica aparenta não ter sofrido esforços eléctricos?
Poderia esse pico ter vindo pelo fio de terra até à minha habitação? Isto é, poderá uma descarga de grande intensidade com destino à terra ter ocorrido no interior da loja?
Isso poderia explicar o disparo de um disjuntor na loja (talvez o diferencial) e a mesma ter ficado sem energia na altura do sucedido.

Se tal fosse possível ocorrer, existe alguma razão técnica que explique porque razão a terra demorou a descarregar essa energia?
Poderia isso ter provocado uma anomalia tão grave no meu monitor? Como e porquê?
Não esquecer que eu tenho terra em toda a casa, enquanto os meus vizinhos não têm.
O pormenor dos meus vizinhos não possuírem terra (com excepção das cozinhas e dispensas) é suficiente para explicar a razão do problema só ter ocorrido na minha casa e não na deles?

Embora tenha terra em casa, estou dependente da qualidade da terra geral do edifício. Alguns meses após ter realizado as melhorias na casa, tive acesso a um aparelho para ensaio da qualidade das terras.
O teste foi realizado no ano 2000 e o relatório apresentava na altura um valor de terra de 25 ohms.
Saliento que este valor de terra não foi medido na estaca de terra do prédio, a medida foi recolhida ligando simplesmente o aparelho a uma tomada com terra.
Todos os aparelhos foram desligados das respectivas tomadas, por forma o teste ser conduzido adequadamente, tendo sido definido no aparelho de ensaio de terras o “modo de tomada”, específico para ensaio da qualidade da terra nestas condições.

Embora não tenha conhecimentos suficientes para analisar todos parâmetros do relatório, os valores foram os seguintes:
Data: 30/08/2000
Re=25 ohms
Z= 0,505 ohms
R= 0,502 ohms
Xl= 0,057 ohms
Ik=455A
Ub= ----
Um= 224v
Norma: VDE0413-3

Em relação ao Re, que é a resistência da terra, qual o valor máximo actualmente admissível para edifícios residenciais?
O que significam os restantes valores?
Os restantes valores estão dentro dos parâmetros aceitáveis?

Em relação à qualidade da energia, até ao presente momento não tive acesso a nenhum aparelho Scopemeter, pelo que não me foi possível realizar ensaios mais especializados.
Na sequência do problema eléctrico que ocorreu na minha residência, será mesmo necessário efectuar ensaios de energia mais sofisticados, com recurso a um aparelho da família Scopemeter?
Este tipo de anomalia poderá estar associado a microcortes ou transientes na linha de energia?

Relativamente a medidas de protecção, existe formas de evitar situações semelhantes a esta no futuro?
Devo instalar supressores de picos no quadro eléctrico do apartamento?
Os varístores (MOV) não me parecem adequados para sobretensões, mas sim para descargas atmosféricas.
Uma vez que a minha UPS é offline, devo adquirir uma UPS online?
Devo ligar todos os equipamentos do escritório na UPS online, inclusivé o computador portátil?
Ou devo prescindir da utilização de quaisquer UPSs, uma vez que são equipamentos como quaisquer outros, susceptíveis de avariar e ser também elas próprias fontes de problemas?
Relembro o que sucedeu à UPS da loja!

Neste momento eu não tenho muita necessidade de backup de energia, apenas estar melhor protegido contra picos ou outras anomalias eléctricas.

Uma vez que depois do disjuntor da EDP só tenho os disjuntores sectoriais de potência, devo instalar após o diferencial da EDP um segundo diferencial mais sensível de 30mA?
Que outras medidas eficazes são possíveis conjugar para reduzir a probabilidade de exposição a riscos desta natureza?
Existe protecção contra microcortes? Isto é, interrupções no fornecimento de energia com um tempo de falha na ordem dos milisegundos.
Existe protecção contra transientes?
É possível estar completamente protegido? De que forma?

Sem outro assunto de momento, agradeço a vossa colaboração na análise das causas deste fenómeno, assim como na procura de estratégias eficazes de protecção.

Cumprimentos
Rui Mendes
Responder

Voltar para “Problemas Elétricos”