
Açúcar e formigas, agulhas quentes ou ímanes tão potentes que agarram até uma tonelada e têm de ser encomendados pela internet. No que toca a adulterar contadores de eletricidade para baixar ou deixar de pagar a conta da luz, a necessidade - ou a crise - aguça o engenho.
Em 2013, a EDP detetou 20 700 casos de furtos de eletricidade, bem mais do que os 14 400 do ano anterior. Destes, conseguiu identificar pouco mais de cinco mil clientes em cada um dos anos, que equivalem a perdas de 43 milhões em 2013 e a 12 milhões em 2012. Neste ano, só no primeiro semestre, já foram detetados 18 mil casos e identificados sete milhões de euros de perdas.
A empresa admite que tem "vindo a assistir a uma maior sofisticação e profissionalização dos furtos praticados". Aliás, na internet não faltam fóruns e blogues onde se pede informações e trocam contactos para realizar estes serviços e há inúmeros sites e vídeos no YouTube a ensinar como manipular contadores.
Até para os equipamentos novos, que são digitais, hermeticamente fechados e quase impossíveis de adulterar, há uma solução. A mais comum tem sido ir à caixa elétrica da casa - aquela que está nas escadas do prédio fechada à chave - e fazer uma espécie de minipuxada desligando o fio do contador e ligando-o diretamente à rede de distribuição.
Há também quem pegue nos fios e os ligue de forma a diminuir a quantidade de eletricidade que é contada, mas isto é mais comum nos contadores trifásicos dos restaurantes e cafés. E até já há quem engane quem quer enganar, ou seja, técnicos que cobram 150 euros ou mais para piratear os contadores ou fazer as puxadas, mas que afinal não fazem nada e ficam com o dinheiro.
Fonte do sector, que não quis ser identificada, considera que o aumento das fraudes em 2013 foi a causa do crescimento das perdas de energia verificadas na rede nacional e consequentemente da quebra de 0,2% no consumo nacional registada nesse ano. Segundo dados da Direção-Geral de Energia (DGE), no ano passado, 11% da energia produzida não foi consumida ou faturada, perdeu-se. Nos anos anteriores, as perdas rondavam os 8%.
Fonte: http://www.dinheirovivo.pt/Empresas/Ene ... id=4080139